quinta-feira, 11 de agosto de 2011

voz alta

silêncio. estou a divagar e a minha cabeça pesa, ando com ela de um lado para o outro, estou a pendurá-la no pescoço e fecho os olhos, coloco a cabeça para cima, já não tenho cabeça, a minha boca está ligeiramente aberta, estou a respirar, a minha expressão é estática, feita de gesso e tiro os óculos para não conseguir ler aquilo que escrevo e já não sei em que parte do meu raciocínio vou. afastei todos de mim porque queria o seu silêncio. mas ele mete-me medo, ele assusta-me, possui-me e tanto faz com que me perca, como com que me encontre. e leio todas as palavras que escrevo - aliás, mexo os lábios como que se as estivesse a ler. nada é nítido. mordo os lábios suavemente, estão secos. fujo do que encontro, mas não procuro nada, é mentira quando dizem que procuro, eu só sei encontrar, sempre fui boa nisso, é a única coisa que sei fazer, isso e silêncio, silêncio, silêncio. passei muitos silêncios à frente. sou eu, agora, que lhe mordo os lábios e o torno mudo. cabrões todos. solto o cabelo e volto a casa e no caminho perguntas se me chamo alguma coisa, digo, eu não tenho nome, soo a chão, tu vais embora. lembro-me que me esqueci de pensar e não te vi mais, gostava de saber como descobriste que és muitos. não sei respirar de cor, não sei respirar de cor. maldição.

13 Maio

Sem comentários:

Enviar um comentário